sigo a fumaça insolente de um cigarro que a muito apagou
vejo a minha alma fundir-se ao breu
o mesmo breu que engole lentamente
pequenas massas a minha volta
ao longe a terra suga pouco a pouco para sua intimidade
os atentos postes que insiste em expor
o mar que banha os meus olhos
vago em passos marcados na direção oposta há qual um dia segui
sou possuído por uma paz forjada
meu corpo transforma-se em noite:
meu caminho...seu infinito...meus passos...seus ruídos...
minha voz...seu silêncio...minhas lagrimas...seu orvalho...
casas com portas fechadas e janelas semi-abertas
“como um cachorro otário a correr atrás dos carros”
sigo cigarros acessos em esquinas esquecidas
meu corpo amanhecendo na cidade rio
os muros desmoronam em quintais estranhos
capas naturais cobrem os carros artificiais
a vida inerte nas frases já ditas em muros
lua... sol... tudo se transforma em uno...
Silvio Prado
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