domingo, 20 de abril de 2008

noites de insônia



essa noite mais uma vez tenho certeza
eu nasci pra sofrer
calçando sapatos verdes de sei lá quem
tendo me esquecer

a noite me envolve em um lençol terno
nele sito frio
o silencio me ensurdece meu corpo chora
chora e vira rio

a insônia insânia transforma minha alma
a esperança me castiga
solto uma grito silencioso osso
uma frase escrita

essa noite mais uma vez tenho certeza
eu nasci pra sofrer
calçando sapatos verdes de sei lá quem
tendo me esquecer

uma ceda amassada uma palavra escrita a lápis
eternidade da semana
um rosto no espelho duas palavras arranjadas
solidão e insônia

um deserto no peito um rosto retorcido
um oceano a se formar
um amor forjado um sorriso forçado
um grito no ar

essa noite mais uma vez tenho certeza
eu nasci pra sofrer
calçando sapatos verdes de sei lá quem
tendo me esquecer




Silvio Prado

recomeço


sigo a fumaça insolente de um cigarro que a muito apagou
vejo a minha alma fundir-se ao breu
o mesmo breu que engole lentamente
pequenas massas a minha volta

ao longe a terra suga pouco a pouco para sua intimidade
os atentos postes que insiste em expor
o mar que banha os meus olhos
vago em passos marcados na direção oposta há qual um dia segui

sou possuído por uma paz forjada
meu corpo transforma-se em noite:
meu caminho...seu infinito...meus passos...seus ruídos...
minha voz...seu silêncio...minhas lagrimas...seu orvalho...

casas com portas fechadas e janelas semi-abertas
“como um cachorro otário a correr atrás dos carros”
sigo cigarros acessos em esquinas esquecidas
meu corpo amanhecendo na cidade rio

os muros desmoronam em quintais estranhos
capas naturais cobrem os carros artificiais
a vida inerte nas frases já ditas em muros
lua... sol... tudo se transforma em uno...




Silvio Prado